Doula, o que é ser uma?
Em meu primeiro curso de Doula tive uma experiência muito
forte, onde entendi o meu próprio parto, digerí a dor que me
acompanhava até então, por ter caído na vala comum dos
partos cesáreos desnecessários. Como a Cláudia Rodrigues
falou, fui engolida pelos fatores externos que nos vigiam dia
a dia e tentam, a todo custo, manipular nossas vidas.
Foi um processo intenso, onde trabalhei as minhas próprias
questões ligadas ao parto e à maternidade. Foi uma cura, eu
acho.
Imediatamente fiz um blog, onde pude descarregar
um caminhão de informações que recebi e que queria
compartilhar com todas as mulheres do mundo, para
que nenhuma delas precisasse passar pelo que passei,
desnecessariamente.
Acho que me abri tanto para esse mundo particular do
parto, que na sequência, apareceram vários partos para eu
acompanhar , como que num passe de mágica.
Descobri um universo no qual desejei fazer parte!
Veio o segundo curso, com a Rita e a Carla, onde comecei
realmente a deixar o meu processo, já um pouco trabalhado,
de lado, e começar a entender o processo do outro.
Até então, achava que o trabalho da Doula, se restringia ao
momento do trabalho de parto, onde, nós, Doulas, damos o
suporte necessário para que o processo se dê da maneira
mais tranquila possível para a parturiente.
No convívio com as duas até agora e nos partos que
acompanhei com elas, pude perceber o quão importante é o
processo anterior ao trabalho de parto, ou seja, a gestação
em si. O conhecimento dessa gestante, conhecimento
profundo do emocional dessa mulher, que pode e vai
interferir no momento do parto. Trabalhar essas questões
durante a gestação é um passo importantíssimo para que o
parto seja saudável.
Sei que esse conhecimento sutil , só me vai ser dado com a
experiência. Experiência e sensibilidade para entender o
outro.
Acho que mais importante que acupuntura, Yoga, natação,
massagem etc, é a mulher entender o seu momento,
trabalhar suas questões emocionais, se conectar com seu
filho e se preparar emocionalmente para o parto e pós parto.
O pós parto também é um momento muito delicado para a
mulher, onde devemos estar atentas às suas dificuldades,
para que ela possa ter o equilíbrio necessário para lidar com
as mudanças e transformações que ocorrerão na sua vida.
Outro ponto importante que aprendi nesse período, foi o de
respeito ao tempo do outro. Respeitar e entender que cada
corpo trabalha de uma maneira diferente.
No mais, na hora mesmo do trabalho de parto, é estarmos
entregues àquela mulher, para lhe atender em todas as suas
necessidades. E caso essa não saiba muito quais são suas
necessidades em determinado momento, podemos sugeri-
la a experimentar algo do qual supomos que vai ser bom (e
pode não ser também).
Olhando essas duas mulheres trabalharem percebo que esse
é um trabalho para quem realmente está preocupado com o
outro.
Agora, essa preocupação com o outro não deve anular
a nossa preocupação e cuidados com nós mesmas, que
devemos estar seguras e confortáveis em cada situação que
nos encontrarmos.
Outro ponto importante, é termos a humildade de
reconhecer que não sabemos de tudo e que podemos, em
várias situações, pedir ajuda a outros profissionais, da
mesma e de outras áreas.
Um longo caminho uma Doula percorre até conseguir a segurança
e o conhecimento necessários para esse ofício,
mas o acompanhamento dos partos com a Carla e a Rita, já
encurtou bastante esse meu caminho.
No mais, é agradecer a oportunidade que eu tive e ainda tenho de
estar perto dessas duas mulheres, que a cada dia e a cada
experiência, eu admiro mais e mais..
Espero que esse aprendizado esteja apenas começando.
Beijinhos carinhosos.