Parto Domiciliar

Parto Domiciliar
Nascimento da Clara - Parto da Ana Lemos

Resgatando o Parto

Texto de Andréa A. Prado no site www.amigasdoparto.com.br

Acreditamos que humanizar o nascimento é adequá-lo a cada mãe, a cada pai, ou seja, à família envolvida em cada nascimento. A técnica não pode tornar-se mais importante do que as pessoas envolvidas!
O parto hoje tornou-se assunto exclusivamente médico, especialmente no Brasil onde as taxas de cesárea estão entre as mais altas no mundo, chegando à mais de 80% em alguns hospitais! Por isto falamos em resgatar o parto como um processo fisiológico normal da mulher. É neste sentido que o parto é nosso, devendo tornar-se evento médico somente quando a intervenção é realmente necessária. Veja em breve quais são as intervenções mais comuns.
As evidências científicas mostram que o fator determinante para uma boa experiência de parto é o quanto a mulher sentiu-se protagonista do evento, ou seja, qual o nível de controle que ela percebeu ter sobre o processo; o grau em que sua opinião foi ouvida; o nível de informação que lhe foi dada durante os procedimentos e se seu consentimento (para os procedimentos) foi percebido como sendo dado. Podemos resumir dizendo que a mulher tem necessidade de ser tratada como sujeito ativo e participante de todo o processo e não como mero objeto.
Como fazer para tornar-se protagonista de seu parto, do nascimento de seu filho, momento mobilizador de tantas emoções e carregado de tanto significado? Necessitamos tanto de informação quanto de apoio, daí a importância de se fazer uma boa preparação para o parto! Mas para quê nos preparar se o processo todo é tão normal? Justamente porque vivemos numa sociedade e numa cultura onde o parto não é mais visto como um processo normal - nós duvidamos da nossa capacidade de dar à luz!
Temos que conhecer as opções de parto, nos familiarizar com os procedimentos mais comuns, para poder decidir o que é que queremos para nós....  Veja a seguir alguns dos pontos mais importantes que devem ser levados em conta na hora de se pensar sobre o parto.

 





Onde ter o bebê? Quando nos perguntam onde nosso filho vai nascer, em geral a resposta é uma só: “no hospital, é lógico!!”. Mas existem sim outras opções, ainda pouco difundidas no Brasil, onde o parto é mais facilmente tratado como processo fisiológico normal:
- casa de parto
- em domicílio
O ambiente do parto é muito importante e pode tanto ajudar quanto atrapalhar. O ambiente que mais propicia um bom desenrolar do parto,  é aquele silencioso, tranquilo, com pouca luz. A mulher deve escolher o ambiente onde ela se sinta mais segura, mais confiante e mais protegida. É nesse espaço que a mulher vai ter possibilidade de entrar em contato com seu corpo e fazer aquilo que este lhe pede. 
Saiba mais sobre as vantagens e desvantagens de cada local.
Com quem? Quem vai prestar assistência ao parto? No Brasil, tradicionalmente é o médico obstetra. É importante saber que as enfermeiras obstetras também são capacitadas a fazer parto normal e, em alguns hospitais, já têm exercido esta função! Existem, ainda, especialmente nas regiões mais afastadas dos centros urbanos, as parteiras tradicionais. Cada profissional tem sua particularidade. A formação da enfermeira obstetra dá mais ênfase ao parto como processo fisiológico normal do que a formação médica que se baseia justamente em saber tratar e diagnosticar possíveis complicações.
Queremos aos poucos formar uma rede de profissionais comprometidos com o parto normal humanizado, seguindo as recomendações da OMS. Veja aqui algumas indicações.

 





“Tipos” de parto Já descrevemos os dois tipos de parto mais realizados no Brasil: a cesárea e o parto normal hospitalar em que a mulher fica deitada... (Veja em: O Parto Hoje)
Do ponto de vista fisiológico, as posições verticais (de cócoras, de quatro, sentada etc.) são as que mais favorecem a descida do bebê e conseqüentemente, um parto tranqüilo, sem intervenções (Veja recomendações da Organizaçao Mundial da Saúde)
Apesar de todo o respaldo científico, são poucos os profissionais que “permitem”  que a mulher assuma a posição que quiser na hora do parto, uma prática já difundida em países como Japão, Holanda, Inglaterra e Suécia, por exemplo.
O parto será mais satisfatório para a mulher se ela puder ser livre para fazer e agir conforme suas necessidades.

 
A Doula (Acompanhante de Parto) É uma nova profissional do parto que está surgindo...tem uma importância fundamental na assistência ao parto. Sua missão é prestar apoio físico e emocional à mulher que está parindo, ajudando-a a lidar com o trabalho de parto. Pesquisas mostram que o parto em que  uma doula está presente tende a ser mais rápido e necessitar de menos intervenções médicas. Saiba mais aqui.
Plano de parto É principalmente um instrumento que ajuda a mulher a se informar sobre os procedimentos mais comuns adotados na hora do parto, para que possa refletir e decidir, com o apoio das evidências científicas, quais ela quer ou não quer. Saiba mais sobre o plano de parto.
 
Como se preparar? Para se ter uma boa experiência de parto hoje, algum tipo de preparação ou reflexão é fundamental. Escolhas e decisões têm de ser feitas: quem vai me assistir?, qual o local?, que tipo de parto eu estou querendo?
Qualquer opção que fuja da norma, ou seja da tradicional cesariana ou do parto normal com intervenções, terá que ser mais bem preparada ainda....
O parto ativo é instintivo e natural. Hoje em dia são poucas as mulheres em contato com este lado instintivo. Precisamos nos conscientizar dos nossos corpos para redescobrir estes instintos.
Fazer algum tipo de exercício, ler, praticar yoga ajuda muito.
Descobrir e enfrentar seus medos, suas fantasias, participar de um grupo de discussão com outras grávidas; tudo isto é fundamental! Conheça alguns profissionais que indicamos.

Andrea A. Prado
Amigas do Parto